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Comunidade escolar mostrou disposição e empatia no "Ifac Solidário"

publicado: 11/06/2021 19h16, última modificação: 12/06/2021 16h34
Servidores, terceirizados e alunos estiveram a frente na campanha em prol dos atingidos pelas enchentes no Acre
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Imagem: Voluntários preparam refeição para desabrigados em Tarauacá / Foto: Campus Tarauacá

Em fevereiro deste ano, dez municípios tiveram alagações devido à cheia dos rios no Estado do Acre, fazendo com que milhares de pessoas tivessem de sair de suas casas. Dentre os atingidos, uma parcela de famílias eram de estudantes e servidores do Instituto Federal do Acre (Ifac). A situação fez com que os próprios servidores se mobilizassem localmente, principalmente em campanhas de arrecadação de donativos, para ajudar as famílias, com o apoio da Reitoria, dos diretores gerais e de instituições parceiras.

Considerando a gravidade das circunstâncias, já que além das cheias, a população continuava sofrendo com as epidemias de dengue e de Covid-19, o Ifac divulgou a iniciativa como “Ifac Solidário” visando impulsionar as doações alcançando mais pessoas não só no Acre, mas em toda a Rede Federal de Educação. Além disso, o Instituto lançou o edital de Auxílio Emergencial para os estudantes atingidos e suspendeu as aulas nos campi onde a situação ficou mais crítica.

Em poucas semanas, a campanha “Ifac Solidário” conseguiu a adesão de muitas pessoas e de instituições que se sensibilizaram com os acreanos. Com as doações, foi possível adquirir mais de 30 mil itens de cesta básica.

Imagem: Com o apoio de entidades, servidores e comunidade, as doações chegaram aos campi / Foto: Campus Tarauacá

Imagem: Campus Tarauacá recebeu cestas básicas adquiridas em Rio Branco / Foto: Campus Tarauacá

Todos os esforços dos voluntários e institucionais foram importantes para ajudar a população nesses momentos de grande dificuldade.

Na vanguarda da campanha “Ifac Solidário”, dezenas de servidores, terceirizados e alunos atuaram durante várias semanas ajudando no que fosse preciso: recolhendo doações, montando kits de limpeza e higiene, cestas básicas, preparando a alimentação para famílias desabrigadas, realizando a entrega de cestas básicas, entre outras atividades.

Conheça algumas dessas pessoas que estiveram a frente da campanha nas unidades do Ifac.

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Imagem: Servidores estiveram a frente da campanha em Sena Madureira / Foto: Campus Sena Madureira

Edeclan Damasceno (servidor no Ifac - Sena Madureira)

“Sena Madureira teve a segunda maior cheia da sua história desde 1997. Tivemos quase 100 alunos que sofreram com as enchentes tendo que sair de suas casas que foram alagadas. Diante disso, o campus se mobilizou pra ajudar. O trabalho voluntário é muito gratificante porque fazemos sabendo que estamos ajudando. A empatia é importante porque nos colocamos no lugar do outro. Pra mim foi um momento bonito de solidariedade. Alunos, servidores ajudaram na mudança, disponibilizamos o carro pra isso. Foi um momento muito crítico, mas conseguimos atender aos alunos e também a comunidade externa com cestas básicas e kits de limpeza. Tivemos doações de dinheiro, de roupas, calçados, cestas básicas. Foi um trabalho muito bonito. Externamos nosso agradecimento a todas as pessoas que contribuíram de alguma forma, às pessoas doaram de todo o coração.”

Denis Tomio (diretor-geral do Ifac - Tarauacá)

Em fevereiro e março de 2021, Tarauacá foi atingida por uma sequência de inundações e alagações dos rios Tarauacá e Muru. A inundação recorde e simultânea desses dois rios elevaram as águas a níveis nunca antes vistos em mais de 107 anos de história da cidade. Mais de 215 alunos e 23 servidores e funcionários foram atingidos diretamente pelas águas causando prejuízos em diferentes níveis e forçando algumas dessas famílias a deixarem suas casas em busca de abrigo.

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Imagem: Voluntários ajudaram no preparo das refeições para desabrigados / Foto: Campus Tarauacá

A Prefeitura de Tarauacá já contava com alguns abrigos, mas devido a grande procura e também ao fato de que alguns abrigos foram atingidos pelas águas, o campus Tarauacá se prontificou e foi acionado como um dos 10 abrigos no município. Do dia 18 a 22, o Ifac foi abrigo para aproximadamente 90 pessoas, num total de 16 famílias.

O trabalho voluntário foi realizado por servidores, alunos e terceirizados voluntários com colaboração da Prefeitura. As tarefas eram de preparo de refeições, realização de atividades recreativas para as crianças, limpeza do espaço e operações de logística de toda essa ação. Também concentramos no campus a distribuição de doações angariadas pela comunidade em geral e também aquelas junto à comunidade do Ifac no âmbito do Ifac Solidário.

Devido ao período de trabalho remoto muitos servidores não estavam presentes no município e/ou foram atingidos pela inundação. Mesmo assim houve participação direta e voluntária de 14 servidores que se revessaram diuturnamente para garantir condições mínimas às famílias atingidas e aqui abrigadas. Essa equipe estava já de prontidão desde às 6h, com o preparo do café da manhã, depois com o almoço, lanche da tarde e também era oferecido jantar, servido às 19h. Por fim, fazíamos a limpeza e preparo para o próximo dia, com encerramento das atividades às 21h.

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Imagem: Servidores promoveram atividades recreativas para crianças no abrigo / Foto: Campus Tarauacá

Outro cuidado extra foi com a pandemia do Covid-19. As famílias ficaram separadas por salas e foram oferecidos máscaras e álcool para evitar ao máximo a contaminação. Equipes do município faziam monitoramento diário das condições de saúde e saúde bucal de todos os abrigados.

Por meio do Ifac Solidário, no campus Tarauacá foram angariados mais de R$ 35 mil, além de 30 caixas com diversos artigos alimentícios, vestuário, cama, mesa, banho e brinquedos que vieram, inclusive, de outros estados. Contamos com a parceria dos Correios que fizeram o transporte dos volumes gratuitamente”.

Sandra Silva (aluna do Técnico em Agricultura no Ifac - Tarauacá)

“A alagação foi muito ruim e difícil, não só pra mim como pra todas as pessoas que foram atingidas. Tem casa aqui no bairro que a água deu na janela, como a casa da minha tia onde ela perdeu tudo. Aqui em casa a água deu no joelho, a gente foi levantando as coisas, mesmo assim perdemos sofá, cama, guarda-roupa e uma estante.

Acho que a campanha foi importante, eles me ajudaram quando eu precisei. Recebi doação de alimento e fralda pra minha irmãzinha.

Fiquei quase uma semana no campus (abrigo) com a minha irmãzinha de três anos. Meus pais ficaram em casa porque nós temos galinha e eles ficaram preocupados. No Ifac, eu e minha colega acordávamos 05h e íamos ajudar a preparar o café pra quando fosse 07h as pessoas já pudessem comer. A gente ajeitava o almoço, quando terminavam de comer, a gente lavava a louça, enfim, ajudávamos no que fosse preciso”.

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Imagem: Quintal alagado na casa da estudante Tailãne / Foto: acervo pessoal

Maria Taílãne de Sousa (aluna do Técnico de Agricultura no Ifac - Tarauacá)

“Essa foi a primeira vez que a nossa casa alagou, a água bateu na nossa cintura. Perdemos duas camas e a geladeira.

Foi difícil, mas deu tudo certo no final. Eu e minha família ficamos quase uma semana no abrigo no Ifac. Era bom, acordávamos cedo, fazíamos o café, servíamos o pessoal. Além de eu estar sendo ajudada, eu pude ajudar as outras pessoas também.

Depois de uma semana, a maioria das pessoas já estava voltando pra casa, mas na nossa rua ainda tinha muita água. Tivemos que esperar uns dias pra voltar”.

Sandra Amorim (servidora no Ifac - Rio Branco)

“Primeiramente, cabe fazer uma reflexão sobre o termo solidariedade que tem origem na palavra francesa ‘solidarité’ e significa responsabilidade mútua, a qualidade de observar o sofrimento do outro e se dispor a auxiliá-lo.

A campanha do Ifac Solidário está imbuída de vários sentidos os quais devemos refletir. Como o desenvolvimento de empatia da comunidade acadêmica com os discentes e familiares. Se tratando de uma instituição de ensino, isso nos remete que o Ifac ensina, através do exemplo, a solidariedade".

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Imagem: Valores doados para a campanha foram convertidos em cestas básicas e kits de limpeza / Foto: Projeto Alimento na Mesa

Para aqueles que recebem o ato de solidariedade além do bem material há um sentimento de acolhida que se desenvolve naturalmente com o ato de ser percebido. Aos que doam o sentimento de contribuir, de ser útil traz à tona a mais básica característica de nossa raça: a humanidade.

No campus Rio Branco o projeto ‘Alimento na Mesa’, aliado ao Ifac Solidário, auxiliou vários alunos e familiares. O impacto social desse ato é imensurável, porém o que se pode constatar no cotidiano dos atendimento do Núcleo de Assistência ao Estudante é a expressão da gratidão traduzida nos olhares, palavras, lágrimas e sorrisos”.

Paulo Roberto ( diretor-geral do Ifac - Rio Branco)

“O campus Rio Branco já desenvolve uma campanha há um tempo. Eu acho importante participar, dentro das minhas possibilidades, se eu tenho como ajudar. Já vivi problemas na minha família de pessoas passando necessidade. Lembro da minha tia quando teve uma enchente onde ela morava, a casa dela ficou submersa, ela perdeu tudo, viu a comida dela boiando na água, indo embora... Acho isso extremamente impactante, eu era criança mas não me esqueço da minha tia contando isso, então eu sei o quanto é difícil não ter o que comer, sei o quanto faz a diferença essa colaboração".

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Imagem: Voluntários do projeto Alimento na Mesa do campus Rio Branco / Foto: Projeto Alimento na Mesa

Esse ano, por conta da enchente, a gente teve que se desdobrar um pouco mais, ajudar um pouco mais. Eu acho super gratificante a gente poder ajudar as pessoas. Não me custa nada poder contribuir de forma positiva, pelo menos dando alimento pra quem precisa.

Nosso projeto atende prioritariamente os nossos alunos, temos muitos em vulnerabilidade social, mas também atendemos pessoas de fora do Ifac. É exercitar um pouco da nossa humanidade num momento crítico como esse que a gente tem vivido, de crise econômica, de saúde e social. Acho que isso não vai me deixar mais pobre, compartilhar um pouco do que eu ganho com as pessoas menos afortunadas nesse momento. E lutar pra que isso mude. Acho que o Ifac fazer isso também é bom porque mostra para as pessoas que o Ifac existe, e que elas podem vir até nós também pra buscar o estudo e com isso mudar sua condição de vida através da educação.”

Luan Siqueira (servidor no Ifac - Cruzeiro do Sul)

“Em menos de uma semana conseguimos organizar e juntar dinheiro mais que suficiente para distribuir com mais de 29 pares de cestas (alimentos e de higiene) para nossos alunos. Também conseguimos roupas e roupas de cama para os atingidos. Foi um alívio em um momento já tenso causado pela pandemia.

Nós nos organizamos em um grupo de WhatsApp onde discutíamos e dividimos responsabilidades quanto a organização, procura por mercado, divulgação, etc, além das pessoas que doaram. A maioria das doações foram de colaboradores do nosso campus. Toda a movimentação e interesse foi espontânea.”

Imagem: Campus Cruzeiro do Sul também participou da campanha arrecadando doações / Foto: Campus Cruzeiro do Sul

Imagem: Campus Cruzeiro do Sul também participou da campanha arrecadando doações / Foto: Campus Cruzeiro do Sul

 

(Atualizada com fotos e informações às 14h31, do dia 12/06/2021)