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Campus Tarauacá

Projeto Excelência Negra é realizado no Ifac de Tarauacá

publicado: 18/12/2024 13h21, última modificação: 19/12/2024 17h13
Evento contou com a participação dos alunos dos cursos técnicos integrados ao ensino médio
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No dia 11 de dezembro, o Ifac Campus Tarauacá foi palco do projeto "Excelência Negra" com apresentações culturais de danças, performances, música, arte e culinária. O evento contou com a participação dos alunos dos cursos técnicos integrados ao ensino médio. Trata-se de um projeto realizado pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) por intermédio do professor Carlos Júnior, com apoio de integrantes do Núcleo de Estudos Linguísticos e Internacionalização (Nuceli), os docentes Jorge Cleiton Maia Vasconcelos e Antônio Macedo dos Santos.

Na programação do evento, os alunos da turma do 2º ano de Agricultura fizeram uma coreografia do grupo Baiana Baianá. Já a turma do 1º ano de Comércio apresentou a música “Nega de Obaluaê” e falaram sobre o orixá Obaluaê, deus de religiões afro-brasileiras como o candomblé.

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O aluno Lucivaldo de Souza Lima, do 3º ano de Agricultura, apresentou a canção “Domingas” do compositor brasileiro Jorge Ben Jor, quando falou também da trajetória do músico que se destaca por exaltar a cultura negra e personagens negros em suas composições.

Além das apresentações de dança e música, os estudantes do 1º ano de Comércio serviram muncuzá, prato de origem afro-brasileira também conhecido como canjica. Já a turma do 2º ano de Agricultura preparou uma farofa baiana para degustação durante o evento.

Outra atração foi a presença da aluna Lia do Vale Davi, do 2º ano de Agricultura, que há um ano vem atuando como trancista. Durante a atividade foram sorteadas tranças para os estudantes. A trança é um penteado que tem forte ligação com a cultura africana, especificamente as tranças feitas rente à raiz dos fios, ao estilo Nagô.

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A estudante Ana Júlia Fortunato, 1º ano de Comércio, disse que “foi incrível toda a apresentação, inclusive a minha turma participou e eu gostei muito, pois a nossa dança representou o culto a um orixá, que é bom pra mostrar tanto para as pessoas que não conhecem, como para quem já conhece e quer se aprofundar sobre o tema.”

Já o estudante Bruno de Oliveira, 3º ano de Floresta, avaliou que o evento foi “muito interessante por mostrar a cultura e danças. Muitas pessoas tem preconceito, não respeitam as diferentes raças. Porque alguém mora na África já pensam que a pessoa é pobre, não tem cultura digna, crença. O evento foi importante para conscientizar as pessoas no Ifac”, afirmou.

Do 2º ano de Agricultura, Lia do Vale Davi que também é trancista disse que “a experiência foi muito boa, aprendi mais sobre as tranças, coisas que eu não sabia. Teve aquele frio na barriga de estar lá na frente falando para várias pessoas, sobre meu trabalho. Agradeço ao professor Carlos por sempre ter me incentivado desde que soube que eu faço tranças.”

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Segundo o professor Carlos Júnior, idealizador do projeto, este evento é uma referência às comemorações do mês de novembro. A abordagem é uma crítica a forma como a data é celebrada nacionalmente, conforme o docente explica.

"Pedimos que não usem o termo ‘consciência negra’ e sim ‘excelência negra’ porque o negro está bem consciente todos os dias. E tão consciente eu estou que, mesmo fazendo parte do Neabi e sendo docente, reconheço que as práticas voltadas para a história da cultura africana e indígena constam dos documentos, mas na prática não se efetivam. São ações pontuais enfatizando este ou aquele ídolo ao interesse político, mas de formação mesmo como o candomblé, a cultura, as artes, a África como um todo é sempre colocada como um território isolado, não civilizado. As imagens que se tem dos africanos é sempre aquela tribal e exaltando a figura de Zumbi e Dandara, um selvagem e uma doméstica, sendo que há tantos outros exemplos de referência e de excelência negra.”

Com informações e fotos do Neabi/Campus Tarauacá

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